Inútil Paisagem

sábado, 28 de novembro de 2009

Não Importa...


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Não Importa...

Não importa que eu esteja agora na barranca do meu rio...

Não importa que agora seja uma hora morta da noite escura...

Não importa que meu silêncio seja igual ao silêncio das águas
profundas e escuras...

 
Importa que eu faça do meu silêncio e do silêncio das águas profundas, uma oração para entender a morte...
 
 

Importa que eu ame e cante meus amores para entender o sentido da vida...
Importa que o Sol renascerá no fim da madrugada aquecendo a fé, a espiritualidade e clareando as águas do meu rio...

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Absoluto silêncio...



Absoluto silêncio...


No absoluto silêncio da tua tapera, Negra Virginia, chora a dor de teres sido arrancada de tuas raízes, o sofrimento e humilhação provados no porão desumano do navio da vergonha.

Mas um dia explodiu a florada da primavera, com perfume silvestre das madressilvas.

O teu conhecimento empírico, tua raça brejeira, teu requebro sensual e teu sangue foram sementes no cadinho da nova raça.

Tua espiritualidade no “Queremos Deus” benzendo a dor dos insensatos e dos simples, teu galho de arruda mandando a “coisa ruim” para as profundezas do mar salgado.

Hoje, Preta Velha Virginia, trabalha nos abençoados

Congas dos Terreiros...

Bendito e louvado seja o absoluto silêncio da tua tapera.




sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Tropeiro Feliciano... Um aboio que ressoa...



Tropeiro Feliciano... Um Aboio que Ressoa...



Quando surges na boca da picada, tropeiro Feliciano, como ponteiro e na culatra dos cavalos de muda, o teu aboio chamando a tropa anuncia alegria saudosa da volta.

Os campos verdes, as sangas de águas limpas que descem falando, as invernadas com grama de forquilha, berro de touro e relinchos de tropilhas, cristalizados pela natureza, engordam o boi...

No teu rancho a prenda que te deu os filhos.

O meu canto, tropeiro Feliciano, é para te dizer que a tua querência ainda existe embora diferente e maltratada.

O capão de angico que tu plantaste é um monumento verde homenageando a vida

e o teu grito ainda ressoa no canto das siriemas...

Antes que eu esqueça, tropeiro Feliciano, se ainda estiveres por aí, passa lá no bolicho para tomar o trago de canha que te prometeram como recompensa pela força do teu grito de aboio...



quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Reencontro...


Reencontro...


Vou sair da terra

num redemoinho de vento

para o infinito mundaréu de Deus...

Quero encontrar todos os cavalos que encilhei,

os cachorros campeiros que me acompanharam,

as novilhas tambeiras que amancei,

e todos os bois mansos que babaram na minha canga...

Quero encontrar todas as pessoas que me amaram

e todas as que amei...




Comunhão...

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Comunhão...
O relincho de um potro
no ermo da volta de uma restinga,
desperta em mim
uma comunhão de vida...
Meus cavalos alegram meu galpão,
na alegria ansiosa da ração no cocho.
Cavalguei nas madrugadas claras
e nas noites escuras de raio e trovão,
com a rédea firme na mão
venci caminhos na busca
do meu destino...



Flor do Campo... Prenda Minha


Flor do Campo... Prenda Minha


Cabocla bonita de Catulo,
Marina morena de Caymmi,
o verde dos olhos
da Rosinha de Luiz Gonzaga,
Maringá a retirante
que mais deu o que falar...
A Prenda Minha, só minha,
que encontrei entre as flores do campo
encheu de amor minha vida...