Inútil Paisagem

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Ontem ao Luar



Ontem ao luar


Catulo da Paixão Cearense e Pedro de Alcântara



Nós dois em plena solidão

Tu me perguntaste

O que era dor de uma paixão

Nada respondi

Calmo assim fiquei

Mas fitando azul do azul do céu

A lua azul e te mostrei

Mostrando a ti dos olhos meus correr senti

Uma nívea lágrima e assim te respondi

Fiquei a sorrir por ter o prazer de ver a lágrima nos olhos a sofrer

A dor da paixão não tem explicação

Como definir o que só sei sentir

É mister sofrer para se saber

O que no peito o coração não quer dizer

Pergunto ao luar travesso e tão taful

De noite a chorar na onda toda azul

pergunto ao luar do mar a canção

Qual o mistério que há na dor de uma paixão

Se tu desejas saber o que é o amor

Sentir o seu calor

O amaríssimo travor do seu dulçor

Sobe o monte a beira mar ao luar

Ouve a onda sobre a areia lacrimar

Ouve o silêncio de um calado coração

A falar da solidão

A penar a derramar os prantos seus

Ouve o choro perenal a dor silente universal

E a dor maior que a dor de Deus

Se tu queres mais

Saber a fonte dos meus ais

Põe o ouvido aqui na rósea flor do coração

Ouve a inquietação da merencória pulsação

Busca saber qual a razão

Porque ele vive assim tão triste a suspirar

A palpitar em desesperação

Na teima de amar um insensível coração

Que a ninguém dirá no peito ingrato em que ele está

Mas que ao sepulcro fatalmente o levará

domingo, 6 de fevereiro de 2011

... De Catulo da Paixão Cearense para seus críticos...

SERENATA NO CÉU

AVasco Lima

Zoilos! Parvos Aretinos!
Criticóides pequeninos!
Passadistas refratários!
Futuristas - legionários
dos maiores desatinos!
Poetastros retardatários!
Reis e príncipes cretinos!...

Vêde, pobres cerebrinos,
minha glorificação!

Numa dessas noites belas,
toda branca, tôda nua,
noite de recordação,
eu ouvi Deus e seus anjos,
em serenata às estrêlas,
cantando dentro da Lua
o meu "Luar do Sertão".


Luar do Sertão

Composição: Catulo da Paixão Cearense / João Pernambuco


Ah que saudade

Do luar da minha terra

Lá na serra branquejando

Folhas secas pelo chão

Este luar cá da cidade tão escuro

Não tem aquela saudade

Do luar lá do sertão

Não há oh gente oh não

Luar como este do sertão

Não há oh gente oh não

Luar como este do sertão

A gente fria

Desta terra sem poesia

Não se importa com esta lua

Nem faz caso do luar

Enquanto a onça

Lá na verde da capoeira

Leva uma hora inteira

Vendo a lua derivar

Não há oh gente oh não

Luar como este do sertão

Ai quem me dera

Que eu morresse lá na serra

Abraçado à minha terra

E dormindo de uma vez

Ser enterrado numa grota pequenina

Onde à tarde a surubina

Chora a sua viuvez

Não há oh gente oh não

Luar como este do sertão

Não há oh gente oh não

Luar como este do sertão


imagem: Google