![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhy1nmafbGICDnyYGWh83xedJLCzNzi6QMOe1jiegaMV5Dt7rfFCTSlA6tnYtrgOg6JyQg1a5g8pQg05zg5Sfo2jV-OvaQ7bS8_ZkPaAIN192TusQKQ4Xn24Syc4GnfbrUdY16eFccmbdFh/s400/guassupi12.jpg)
-->
correndo com as águas do Rio Guassupi...
Absoluto silêncio...
No absoluto silêncio da tua tapera, Negra Virginia, chora a dor de teres sido arrancada de tuas raízes, o sofrimento e humilhação provados no porão desumano do navio da vergonha.
Mas um dia explodiu a florada da primavera, com perfume silvestre das madressilvas.
O teu conhecimento empírico, tua raça brejeira, teu requebro sensual e teu sangue foram sementes no cadinho da nova raça.
Tua espiritualidade no “Queremos Deus” benzendo a dor dos insensatos e dos simples, teu galho de arruda mandando a “coisa ruim” para as profundezas do mar salgado.
Hoje, Preta Velha Virginia, trabalha nos abençoados
Congas dos Terreiros...
Bendito e louvado seja o absoluto silêncio da tua tapera.
Tropeiro Feliciano... Um Aboio que Ressoa...
Quando surges na boca da picada, tropeiro Feliciano, como ponteiro e na culatra dos cavalos de muda, o teu aboio chamando a tropa anuncia alegria saudosa da volta.
Os campos verdes, as sangas de águas limpas que descem falando, as invernadas com grama de forquilha, berro de touro e relinchos de tropilhas, cristalizados pela natureza, engordam o boi...
No teu rancho a prenda que te deu os filhos.
O meu canto, tropeiro Feliciano, é para te dizer que a tua querência ainda existe embora diferente e maltratada.
O capão de angico que tu plantaste é um monumento verde homenageando a vida
e o teu grito ainda ressoa no canto das siriemas...
Antes que eu esqueça, tropeiro Feliciano, se ainda estiveres por aí, passa lá no bolicho para tomar o trago de canha que te prometeram como recompensa pela força do teu grito de aboio...
Reencontro...
Vou sair da terra
num redemoinho de vento
para o infinito mundaréu de Deus...
Quero encontrar todos os cavalos que encilhei,
os cachorros campeiros que me acompanharam,
as novilhas tambeiras que amancei,
e todos os bois mansos que babaram na minha canga...
Quero encontrar todas as pessoas que me amaram
e todas as que amei...